Viagens

Meto-me ao caminho com uma mala cheia de recordações e imagens de um passado já distante.
Enraizado na luz do olhar longínquo, reconheço aqueles que outrora fizeram parte do meu imaginário de emoções e da evolução concreta do meu ser.
Os lugares, os cheiros, os modos, os hábitos, tudo se mantém igual e inalterável.
O desdém, a maledicência e a inveja andam de braço dado com a alegria de rever pessoas a quem a linha eterna da vida fez desviar do rumo de então.
A disponibilidade de avaliar tudo aquilo que se encontrava em meu redor não era mais do que substancial, já que viver em estado de afastamento permanente permite que consigamos, embora não como gostássemos, reabsorver um pouco daquilo que já enjoámos.
Entre um e outro pensamento, a luta constante com os fantasmas do subconsciente faz com que a guerra de pensamentos seja a figura principal do dia.
Depressa se identifica mais um cheiro, uma voz…todo aquele turbilhão de emoções começa a fazer sentido…toda aquela forma de estar começa a ficar enraizada.
Para dizer a verdade, a fronteira do limiar das diferenças começa a ser cada vez mais difícil de distinguir de tão ténue que é a separação de ideologias.
Estar ali era relembrar um passado que não pode, nem deve, ser ignorado embora já não faça sentido perante as escolhas e os caminhos que se decidiram como futuro próximo e emergente.
Talvez tudo aquilo tenha sido provocado por Alguém que, num nível superior, achou que eu deveria passar por aquele processo de reaprendizagem, de forma a provar-me, mais uma vez, que o que se passa ao longo dos anos não deve ser esquecido.
Memórias e tempos de um passado já longínquo, são tesouros que se devem guardar quando não existem registos de outra espécie…mas, acima de tudo isto, devemos tê-los num lugar especial uma vez que são o culminar da formação da nossa personalidade e da nossa forma de encarar tudo aquilo que a vida nos proporciona.
Viver é aprender…e eu ainda nem a meio da minha viagem cheguei…
Resta-me ser prudente, respeitar os limites da velocidade e aguardar pelo momento em que chegue a minha vez de dar que pensar aos outros.

Afinal, estar sozinho não foi provocado…foi importante!



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