Dreams



Hoje sentei-me, sozinho em casa, e senti uma vontade enorme de escrever.
O Henrique já está a dormir.
A Joana foi ao cinema com as amigas.
Parei para pensar.
Nada que não faça todos os dias, mas HOJE parei para pensar.

Tenho 32 anos.
Bem ou mal vividos, a verdade é que nem dei por eles.
Vivi intensamente a maior parte das oportunidades que a vida me deu. Sou fruto de uma casamento com mais de 30 anos.
Vivi no seio de uma família estável.

Os meus pais deram-me tudo aquilo que eu quis.
Talvez me tenham dado demais.
Hoje seria mais fácil compreender algumas coisas, pelas quais vou passando, se, por vezes, tivesse sentido uma ou outra dificuldade.

Lembro-me de, aos 16 anos, imaginar como seria a minha vida agora. Posso-vos dizer que não estou muito longe, mas acabo por fazer parte daqueles que se julgam infelizes por terem passado ao lado de uma grande carreira.

Obviamente que sonhei ser jogador de futebol.
Obviamente que fui mais um falhanço do desporto rei.
Todos quisemos um dia ser jogadores de futebol (Homens, pelo menos).

Mas, aos 16 anos, fui para além disso.
Aos 16 anos já tinha nascido em Oeiras, vivido em Estremoz e no Porto, e assentado arraiais em Setúbal.
Conheci pessoas de todos os cantos da sociedade.
Percebi, desde cedo, que era um privilegiado.
Mas, meus caros, aos 16 anos eu já sonhava casar e ter filhos.

Esta era a minha grande meta!

Sem ainda saber o que queria profissionalmente, (acho que esse foi o meu segundo falhanço, depois do futebol) fui clarificando ideias naquilo que dizia respeito à estabilidade emocional.

Sempre fui namoradeiro, mas curti sempre mais um desgosto de amor do que a felicidade do mesmo.
Masoquista? Não! Naquela altura os meus amores eram platónicos e só no sofrimento faziam sentido.

Fui crescendo, fui vivendo.
Não gostava de cerveja, nem nunca consegui ser um fumador activo, como a maioria dos meus amigos.
Hoje gosto de uma boa bebida, mas continuo a relegar a cerveja para segundo plano.

Acabei por entrar na faculdade e descobrir o melhor dos mundos.

Se já gostava de namorar, namorei em dobro.
Se já gostava de sair, sai também em dobro.
Se já não gostava de estudar, continuei a não gostar.

Mas cresci! Amadureci ideias! Tomei decisões!

Coloquei a bola de futebol de parte e sonhei em ser politico.
"Associativei-me" no Ensino Superior e "filiei-me partidariamente"!
Sonhei bastante e...mais uma vez...um falhanço.

Concluí a faculdade com (falta de) distinção. Mas ganhei tudo o resto.
Ganhei a estabilidade que me permitiu olhar para todos estes anos passados e perceber que falhei em todos os sonhos como qualquer outra pessoa, menos no primeiro... o mais genuíno...casar e ter filhos.

Hoje a vida ganhou um novo rumo.
Um rumo desconhecido, em termos sociais e profissionais, mas sólido naquilo que diz respeito à família.
Ganhei algumas responsabilidades, assumi outras, e continuo a lutar por mais alguns objectivos que julgo poder atingir ao longo da vida.

Na verdade, quando antes apenas tinha medo de desiludir os meus pais, hoje sinto que tenho de construir uma fortaleza, para poder proteger aqueles que vivem e dependem de mim.

"Hoje sentei-me, sozinho em casa, e senti uma vontade enorme de escrever.
O Henrique já está a dormir.
A Joana foi ao cinema com as amigas."

Eu, vou continuar a pensar durante mais algum tempo.

Um dia "riscarei" mais mais
alguns objectivos cumpridos da minha "bucket list".

Um dia.




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