Im Gonna Find Another You

Todos os dias a via passar junto ao jardim de sua casa.
Andou assim durante meses, até que um dia decidiu alterar o modo de ser daqueles momentos.
Ele, que já idealizara a situação meses antes, tomou coragem e decidiu sair de casa no mesmo instante em que Ela passava.

Com um simples “ Desculpa” fez com que Ela parasse e lhe perguntasse “Sim?”
Aquele momento foi só Dele.
As “borboletas” que lhe surgiram na barriga foram dizimadas pelo sangue gelado que circulou por todo o corpo.

Mesmo assim baixou a cabeça, por uns milésimos de segundo, e pensou “ O que estou eu a fazer” e disse “Peço desculpa…não ligues” e voltou-lhe costas.

Com Ela ainda intrigada e até algo alarmada, caminhou no sentido de casa com um peso enorme sobre os ombros.

Nos dias seguintes àquela situação continuo a espreitá-la por entre as persianas imaginando o que poderia ter feito, ou dito, na derradeira e única oportunidade que tinha tido.

Ela, por seu lado, nesses mesmos dias passava junto à casa dele e olhava à volta numa tentativa de lhe perguntar o porquê daquela atitude…
Andaram assim meses até que um dia ela deixou de passar…
Dias, semanas, meses e naquele dia Ela não aparecia.

À hora habitual nem sinal.
Ele decide sair de casa e sentar-se no banco que tinha no jardim.
Ficou horas sentado a pensar no que lhe poderia ter dito naquele dia e no que lhe diria, ali, se ela aparecesse.

Ela não apareceu mais…
Passados dois anos, em que Ele a continuou a esperar todos os dias pela manhã, vivendo com a amargura daquele dia que poderia ter alterado todo aquele sentimento… Ela aparece.
No mesmo sitio, à mesma hora e da mesma forma.

Ela pressentiu algo ao passar naquela casa e parou por um instante. Olhou na direcção da janela que se encontrava fechada. Sem sinal de vida.
Naquele momento sente um toque no ombro e ouve um “Desculpa…”
Ao virar-se…era Ele!

Sem que lhe desse tempo continuou… “ Desculpa por tudo. Desculpa por nada. Não sei por onde começar. É algo maior que eu, mais pesado do que eu e intensamente asfixiante..”
Ele baixou a cabeça, meteu as mãos na cintura com uma expressão resignada.

Ela sorriu. Tocou-lhe levemente no queixo fazendo com que o rosto dele se elevasse e, no momento em que ele ia continuar a falar, interrompeu-lhe a fala com o indicador levemente encostado à sua boca.

Deu um passo em frente e disse-lhe ao ouvido, simplesmente… “abraça-me!”
Ele não hesitou. Aquele abraço transportava mais do que uma demonstração de carinho. Pesava anos de dias e noites a pensar naquele momento intenso que tinham vivido um dia pela manhã.

Num turbilhão de emoções olharam-se mutuamente, ele sorriu, ela encolheu os ombros e sorriu também.

Aqueles dois caminhos tinham-se encontrado anos depois sem que ambos esperassem por isso.
Foi, sem dúvida, o maior momento das suas vidas depois de anos a pensar naquela escassez de palavras que tinham trocado num primeiro instante…

Sempre que uma história ficar por contar é certo que, um dia mais tarde, ela será concluída.

Nem que seja para ter um Fim…




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