Apenas Eu, novamente...

Um dia fiz a mala e fui viver um mundo diferente.

Comigo levei a vontade, o querer e a ambição de atingir determinado tipo de coisas que eram, para mim, peças fundamentais de uma vida.

Desprendi-me de preconceitos e de argumentos soltos e decidi pôr-me um pouco de parte, na tentativa de perceber melhor aquilo que era o mundo dos outros.

Posso dizer que fui só eu e a minha mala durante meses.

Nela guardei, relembrando Pessoa, todas as pedras que fui encontrando no caminho.

Mesmo com ela pesada, nunca desisti de caminhar no sentido em que me tinham mostrado que o sucesso existia.

Caminhar sozinho permite-nos ter várias conversas connosco próprios sem, por uma única vez, abrirmos a boca.

Podemos sorrir, abanar a cabeça em sinal de discordância ou gritar, mas nunca chegamos a proferir uma palavra que faça sentido.

Guerras internas entre mim e o meu ser mais intimo.
Lutas desgarradas entre o “dever fazer” e o “dever querer”.

Penso que nunca consegui vencer, na totalidade, qualquer um dos dois.
Optei sempre por um meio-termo que me facilitou a possibilidade de atingir um certo equilíbrio.

A necessidade, e obrigatoriedade, de respeito pela posição dos outros dá-nos uma visão plural de tudo aquilo que acontece na vida.

Pontos de vista diferentes, maneiras de agir diferentes. Tudo importante quando conseguido e executado em doses certas e adequadas àquilo que é o impossível da matemática…1+1=1.

Mantive-me no meu rumo mas o peso da mala começou a ser incomportável.

Estava tão perto mas quanto mais tentava puxá-la mais ela me fazia andar para trás.

Sem medo de a deixar continuei sozinho, em frente, já sem rumo, ou objectivo, concreto.
Foram meses, quase anos, de caminhada. Sozinho e sem alguém que me desse uma indicação que fosse capaz de me motivar ou alertar para o possível caminho errado que estava a seguir.

Até que um dia resolvi parar.

Naquele momento tive necessidade de recuperar a minha mala.
Aquela que trouxe comigo durante a maior parte do meu tempo. 
Aquela que me possibilitaria construir o castelo que me isolaria de tudo aquilo que eu nunca quis para mim.

Nesse instante tomei a decisão de voltar para trás.
Senti-me forte e capaz de o fazer. Custasse aquilo que custasse.

Ao tornar a encontrá-la decidi tirar todas as pedras do seu interior e amontoá-las de forma a fazer, ali mesmo, aquilo que eu mais queria desde sempre, construir o meu porto seguro.

Sem pedras suficientes resolvi pedir algumas emprestadas. Poderiam ser estas pedras palavras ou gestos concretos em relação ao futuro?
Poderiam e deviam.

Não encontrei!
Deixei um castelo a meio. Decidi destruí-lo.
Afinal, não era ali que o queria construir.

Voltei a meter todas as pedras dentro da mala e fui recuperar o tempo perdido.
Hoje, mais que ontem, continuo a viver o presente como a base estabilizadora que me ajudará, no futuro, a construir algo que não seja apenas meu e sonhado apenas por mim.

Hoje, mais que ontem, acredito em mim e sinto a força crescente que me sustenta.
Força essa que não me deixar olhar novamente para trás em busca de algo que deveria ter perdido na hora da primeira partida, rumo ao mundo dos outros.
Estou de volta!




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