Ao nascer do sol...
A noite tinha agora início, no seu momento de maior silêncio.
Sentei-me junto à janela e decidi esperar.
Entre decisões difíceis e sentimentos adversos, a qualquer tipo de permeabilidade, resolvi aguardar pelo nascer do sol.
Tinha de encontrar alguma forma de passar o tempo, até ao amanhecer, e por isso resolvi contar as estrelas. Desisti no segundo seguinte.
Tentei avistar imagens por entre as nuvens. Nada me vinha à ideia.
Foi então que decidi, simplesmente, esperar.
“Recordar o passado poderá ser uma boa terapia contra o tempo”, pensei eu.
Realçar sorrisos, gargalhadas, trocas de olhares, um perfume ou o toque suave de pele pode tornar-se, rapidamente, em algo intenso e incondicionalmente envolvente.
Depois disto, o meu pensamento negou-se a sair deste momento caloroso enquanto eu lhe fazia sentir que não era por ali o caminho.
Tentando fixar um ponto neutro que me levasse a outra idealização, dei por mim numa luta constante entre o passado recente e o futuro desconhecido.
Na verdade, quando ainda vivemos o passado sonhamos com um futuro mais ambicioso, perfeito e intacto no seu todo.
Será errado? Acredito que não! Quero acreditar que não.
Embora a perfeição seja utópica, a busca da mesma já não o é.
Concentrar esforços numa determinada idealização, ainda que abstracta, dá-nos a possibilidade de conseguirmos viajar para sítios muito distantes da nossa realidade.
Pensar o óbvio, desejar o correcto e querer o justo, são coisas que preenchem a hierarquia de anseios de qualquer Ser Humano.
À medida que a noite se torna mais cerrada vou afastando os pensamentos mais escuros dando oportunidade a que novos quereres possam nascer.
Já perto de um novo dia, olho o céu, contemplo o imenso azul que predomina e agradeço ao sol o dia enriquecedor que ai vem.
Nasceu um novo dia e com a ele a possibilidade de mudar cada virgula, e cada palavra, do meu mundo…
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