Junto ao mar...


Descalça, à beira-mar, vejo-a caminhar com uma mão no peito e outra junto ao rosto.
Chora, compulsivamente, num desespero que atormenta qualquer um que a observe com atenção.
Sem ninguém à sua volta, contempla o horizonte onde o céu e o mar se unem.
Deixa transparecer a sensação de que aquilo que interioriza é capaz de a consumir, num ápice, sem que exista forma de contornar tal dor.

Posso dizer que aquilo contagiava só pelo olhar.

Decidi ir falar com ela. Perguntar-lhe se precisava de algo. Se a podia ajudar.
Aproximei-me um pouco mais, na tentativa de ver o seu rosto, mas ela caminhava, sem se dar conta que eu a seguia…

Apressei o passo e toquei-lhe no ombro, fazendo com que ela se virasse repentinamente.
Quando cruzámos o primeiro olhar tremi no mesmo instante.
Fixei-a uma segunda vez…

Era ela!

Finalmente voltei a entrá-la…
Meses sem saber para onde tinha ido e acabo por encontrá-la numa praia qualquer, num momento apenas seu…sem mais nada à volta…

Seguro-lhe a mão, pergunto-lhe “onde tens estado?” dando origem a um, transtornado, “não sei…”

Abracei-a, sussurrei-lhe “desculpa” ao ouvido e fiz-lhe sentir a veracidade do meu sentimento…

Naquele momento olhou-me directamente, ainda com as lágrimas nos olhos, e perguntou-me…”Já pensaste em tudo aquilo que me fizeste passar por teres desistido de me ter por perto? Já imaginaste o que é sentir que te posso dar tudo e não conseguir porque acabas por te dispersar sempre naquilo que é menos importante?”

Fechei os olhos e consegui ver a vida toda naquele momento de reflexão…

Aquela imagem…
Aquela situação que tinha presenciado na praia...tinha um “rosto”…um “porquê”…um“nome”…

Era, ironicamente…

A minha Felicidade.
          


Comentários

Mensagens populares deste blogue

A.M.O.R

Post Instagramado

A Primeira Década de 2000