D10S - MARADONA



Numa altura em que Portugal faz contas e tenta ainda, matematicamente, ir ao Mundial de Futebol que se irá realizar na África do Sul, a super-potência do futebol, Argentina, não está em melhores condições.

Se nós tentamos que Cristiano Ronaldo resolva todos os nossos problemas, que dizer da Argentina que tem Messi, o próximo melhor jogador do mundo, e também não o consegue.
Se nós temos o Professor Queiroz, que dizer da Argentina que tem o melhor jogador do século como treinador, Diego Maradona?
As coisas não estão fáceis para Maradona o que, a ver pelo vídeo que se segue, poderão fazer com que não consiga dormir bem durante a noite… 

Falar em Maradona é falar no futebol no seu expoente máximo. No que de mais belo ele tem e de mais trágico pode trazer, é falar de paixão! Foi possivelmente o melhor jogador de todos os tempos. Rivaliza com Pelé, com que travou várias batalhas verbais fora dos campos, nesse particular. Maradona foi um génio nos relvados, polémico nas entrevistas e genuíno na forma como tem vivido. A sua vida dava um filme Hollywodesco. Ficou conhecido para a história como El Pibe D’Oro.

INÍCIO E ASCENSÃO

Maradona nasceu num bairro pobre da periferia de Buenos Aires. O seu pai era um modesto operário a vida de Dieguito parecia destinada a trazer-lhe muitas limitações financeiras. Aos nove anos começou a jogar numa equipa local “Los Cebollitas”. Por pouco tempo. O Argentino Juniors viu nele talento e chamou-os às suas fileiras. Estreou-se na divisão principal com apenas 15 anos. As suas exibições começaram a dar que falar e as assistências foram subindo a uma escala impressionante. Toda a gente queria ver o miúdo maravilha que encantava com o seu drible e impressionava pela quantidade de golos que apontava sem ser um ponta-de-lança. Bastou-lhe um ano para chegar à selecção principal. Estreou-se em 1977 ao lado de nomes consagrados do futebol argentino como Ardilles ou Gatti. Foi pela mão de César Menotti num jogo frente à Hungria e 25 minutos em campo fizeram dele o jogador mais jovem de sempre a vestir a camisola da Selecção A. Contava então 16 anos. No entanto para o Mundial de 78 César Menotti deixou-o de fora dos 22. Foi uma mediada um tanto ou quanto polémica porque já na altura, Maradona desenvolvera admiração por toda a Argentina. A Argentina mesmo sem o seu menino-prodígio viria a sagrar-se Campeã do Mundo. 1979 trouxe-lhe o Mundial de Sub-21 em que Maradona e a Argentina se sagravam Campeões. Ainda nesse ano, a Selecção principal entrava em renovação e Diego tornava-se não só titular como também uma das estrelas mais cintilantes da equipa. Numa digressão pela Europa fez um jogo memorável frente à Inglaterra. Seriam prenúncios para o que viria mais tarde. Foi também eleito nesse ano o melhor jogador da América do Sul, distinção que viria a repetir no ano seguinte. Em 1981, transferiu-se para o colosso Boca Júniors e logo conquistou o seu primeiro título nacional. Aos 21 anos Diego Armando Maradona era já uma certeza e um Ídolo na Argentina. Uma época em grande no Boca e transferência para Espanha. A Europa estava prestes a conhece-lo.
 
ESPANHA
Foi na altura a transferência mais cara da história do futebol mundial. Diego Armando Maradona assinou um contrato com o Barcelona em Junho de 1982 mesmo antes do Mundial, disputado precisamente em Espanha. Maradona estreou-se na prova maior do futebol Mundial. Mas não foi feliz. Estreou-se com uma derrota por 0-1 frente à Bélgica. Seguiu-se uma vitória por 4-1 frente à Hungria e nova vitória por 2 golos frente ao modesto El-Salvador. Na 2ª fase de grupos frente à Itália e ao seu famoso Catenácio, Maradona foi sujeito a uma marcação impiedosa por parte de Gentile. Com a complacência do árbitro, o defesa italiano lá foi conseguindo parar o génio argentino e no final 1-2 para os transalpinos. No último jogo do grupo, nova derrota frente ao Brasil e Maradona expulso. Disse então que ninguém tinha perdido mais aquele Mundial do que ele próprio. Palavras que muita gente não entendeu na altura mas viriam a entender mais tarde. Findo o Mundial, aí estava La Liga. Os primeiros meses não foram fáceis. Maradona contraiu uma Hepatite viral e passou a primeira fase do campeonato sem poder competir. De volta aos relvados Maradona deslumbrou mas a dureza do futebol espanhol valeu-lhe muitas lesões, uma delas muito grave. Foi num jogo frente ao Atlético de Bilbao provocada por uma entrada muito dura de Goicotxea, jogador Basco. Valeu a Maradona uma fractura do tornozelo e meses afastado dos relvados e a Goicotxea 25(!!!) jogos de castigo. Maradona não foi de facto muito feliz em Espanha. A sua frontalidade granjeou-lhe muitas antipatias e inimigos. Acusou a televisão espanhola de não fazer uma cobertura apropriada aos jogos o que motivava os jogadores mais duros jogar para além dos limites e acabar impunes. Os seu comportamento fora dos relvados valeu-lhe fortes críticas e uma alcunha: Sudaka, um termo insultuoso usado em relação aos índios Sul Americanos. Ainda assim, El Pibe protagonizou dos momentos mais bonitos que se viram nos relvados espanhóis. O reencontro com o Atlético de Bilbao e com Goicotxea foi memorável pelos piores motivos. Um conjunto de agressões acabaram numa autêntica batalha campal entre jogadores, treinadores e dirigentes de ambas as equipas. Foi tão grave que Maradona teve de se desculpar formalmente perante o Rei de Espanha. Dois anos após entrar em Espanha Maradona despedia-se da Catalunha rumo ao Nápoles. Pelo meio ficou a conquista da Copa do Rei em 1983.

ITÁLIA – MÉXICO - ITÁLIA
Em 1984 o Estádio de S. Paolo em Nápoles encheu-se para acolher Diego Armando Maradona na data da assinatura do seu contrato. Foi uma loucura na cidade do sul de Itália. Ao contrário de Barcelona, Nápoles era uma cidade extremamente pobre e isso motivou Maradona que encontrou bastantes semelhanças entre a sua nova cidade e Buenos Aires. Em apenas 2 anos o Nápoles criou uma equipa capaz de desafiar o sistema implantado em Itália. Careca, avançado e Alemão, médio centro, ambos brasileiros foram as contratações mais sonantes logo a seguir a Maradona. Nápoles rendeu-se ao talento do astro Argentino. Em 1986 novo Mundial. O mundo do futebol encontrava o México devastado após um terramoto que assolou todo o país. Nova imagem de pobreza deu mais força a Maradona. Após uma 1ª fase onde Bulgária e Coreia do Sul caíram aos pés de Argentinos e Maradona apontou o golo do empate frente à Itália, chegam os quartos-de-final e a Inglaterra. Foi um jogo onde para sempre será recordado o feitio e o génio de Maradona. Primeiro marcou um golo com a mão. A tão famosa mão que Maradona atribuiu a Deus e Bobby Robson, treinador Inglês ao Diabo. Depois, uma sublime jogada em que o pé esquerdo de Maradona subjugou meia equipa Inglesa, Peter Shilton incluído. Foi provavelmente o golo mais bonito da história dos Mundiais. No final, como alguém diria mais tarde: Maradona 2- Inglaterra 1. Na meia-final frente à Bélgica a história repete-se. Maradona com 2 golos, um dos quais verdadeiramente notável elimina a Bélgica e chega à final frente à poderosa Alemanha. Dois golos de vantagem Alvi-celeste, empate Germânico e passe de morte de Maradona para Burruchaga já no prolongamento fazer o 3-2 final e resolver a questão. A Argentina voltava a vencer o Mundial de futebol, desta vez com Maradona como génio e capitão.
De volta a Itália, Maradona continua a encantar os Napolitanos até que em 1987 dá-se a verdadeira explosão no futebol transalpino: O Nápoles, um clube até então relativamente modesto vence o Scudetto e a Copa Itália. Maradona ficou aí para sempre idolatrado. Em 1989 nova glória com a vitória final na Taça Uefa frente ao Estugarda. Um ano depois e o Nápoles voltava a vencer o Scudetto em ano de novo Mundial desta vez disputado em… Itália. No primeiro jogo frente à URSS Maradona e a Argentina jogam em casa porque o jogo é disputado em pleno S. Paolo em Nápoles. Maradona tinha pedido aos napolitanos que apoiassem a Argentina contra própria Squadra Azurra. E os Napolitanos responderam favoravelmente. Mas a partir daí as consequências das suas palavras foram notórias. Maradona era assobiado e insultado sempre que tocava na bola e a Argentina odiada. No entanto e apesar de a Selecção se encontrar muito fragilizada fisicamente e sem os talentos de outros anos, Maradona foi carregando a sua equipa por lá fora até à final, contando com a ajuda de um guardião especialista em defender grandes penalidades e a veia goleadora de Cláudio Cannigia. Nas meias finais no entanto, e já no prolongamento, precisamente frente à Itália, Cláudio Cannigia viu um cartão que o impossibilitou de jogar a final. A equipa transalpina seria derrotada por grandes penalidades com Maradona a liderar a equipa das Pampas. Na final em Roma, a Alemanha de Matthaus e companhia vingava-se do México e derrotava os Argentinos por 0-1. Maradona chorava compulsivamente no final do jogo perante a manifestação de alegria vinda das bancadas que o odiavam. A partir dessa data, Maradona viveu sempre com a certeza de uma cabala montada em Itália contra a sua pessoa. Rumores generalizados davam conta da sua dependência das drogas. Ainda fez mais uma época em Itália e venceu uma Supertaça Italiana, até que um controlo anti-dopping se revelou positivo e Maradona apanhou uma suspensão de 15 meses. Foi o adeus a Itália e o regresso a Espanha.

O DECLÍNIO
A Espanha regressou um Maradona diferente do que de lá saiu. A forma física estava visivelmente frágil e o génio assim não se manifestava. Representou durante 1 época as cores do Sevilha tendo apontado 7 golos regressando à Argentina no final da época e para o Newell’s Old Boys onde voltou a não permanecer mais que 1 ano apontando pelo meio 5 golos. Regressou então ao seu clube do coração: o Boca, onde ainda venceu 1 Copa A. Franchi em 91. Em 94 ainda jogou o Mundial dos Estados Unidos. Após 2 boas partidas frente à Grécia e à Nigéria e um golo apontado, Maradona voltou a acusar dopping e foi suspenso. Foi o adeus aos Mundiais. Retirou-se dos relvados quando completou 37 anos. Jogou 692 partidas e apontou 358 golos. Debateu-se ainda com vários problemas de saúde que o deixaram entre a vida e a morte várias vezes. Numa delas, viajou até Cuba onde passou por um tratamento de desintoxicação e reabilitação. Durante a sua estadia lá, desenvolveu uma amizade com Fidel Castro e mostrou-se por várias vezes admirador de Ché Guevara. Aproveitou também o tempo para escrever um livro “Yo soy Diego”. Teve também por várias vezes recuperações quase milagrosas e em 2005, numa época de relativo vigor físico chegou a ser estrela de televisão apresentando um programa seu, chamado “La noche del diez” onde entrevistou personalidades como Pelé ou Mike Tyson e fez revelações bombásticas acerca da sua vida como jogador. Maradona continua a viver no fio da navalha alternando momentos de lucidez com recaídas quase fatais. Até quando?



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A.M.O.R

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